quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Quando as responsabilidades nos atropelam

Ontem, enquanto eu fazia alguns pequenos afazeres domésticos e cuidava da minha filha ainda doente (faltei ao trabalho para ficar com ela, e isso me deu tempo para pensar... rsrs), comecei a lembrar de todas as pequenas e grandes coisas que eu precisaria resolver hoje, quando voltasse ao trabalho. E, pensando nesse monte de coisas pendentes, fiquei lembrando também de como não consigo manter algumas coisas tão constantes e em dia como eu gostaria. Os blogs são só um exemplo disso, eu não consigo trabalhar nos posts como eu havia me comprometido, simplesmente porque às vezes as outras coisas me atropelam.

Nesse momento me veio uma revelação: eu não vou conseguir manter a regularidade dos meus compromissos nunca. Não vou conseguir ser a mesma mãe todos os dias, a mesma profissional competente, a mesma professora inspirada, a escritora constante... não vou. Porque a vida não é constante. Eu não acordo bem disposta e humorada todas as manhãs. Os problemas grandes não dão aviso antes de aparecerem para eu me preparar e adequar minha agenda. Os filhos, o marido, a casa, o trabalho não têm as mesmas necessidades sempre para que eu possa deixar tudo organizado, cada um com seu tempo pré-estipulado. Como, dessa forma caótica, garantir que terei tempo e disposição para tudo sempre? E então me veio uma frase que eu adoro e que tem rondado minha mente nos últimos dias. Uma frase do cantor Oswaldo Montenegro (que eu adoro!) e que diz: "sempre não é todo dia". Tem frase mais perfeita?

Eu sou uma boa mãe sempre. Mas sempre não é todo dia. Eu sou uma profissional responsável e competente sempre. Mas sempre não é todo dia. Eu sempre adoro dar aulas. Mas sempre não é todo dia. Isso me trouxe um sentimento libertador de que eu não tenho que ser perfeita em tudo-ao-mesmo-tempo-agora. Preciso ser sempre. Mas não todo dia...

E como o mundo é feito de ideias e pessoas afins, quase ao mesmo tempo em que entrei nessa crise e descoberta existencial, encontro um post de uma pessoa querida (Nosphie!!) com as mesmas dúvidas e os mesmos dilemas.

..."Estou sempre esperando por aquele momento em que estarei com todas as minhas obrigações, tarefas e pendências em dia, e poderei viver tranquilamente, dando “a cada dia sua lida”.

Vivo acreditando que vai chegar aquele dia em que não terei tantas preocupações, em que as coisas acontecerão uma de cada vez, em que os problemas (que serão pequenos) farão fila ordenadamente para acontecer, de modo à não me assoberbar."...

Leiam, os textos que ela escreve são fantásticos.

O objetivo é não parar. Assumir que algumas vezes as coisas vão se embolar, principalmente pelo fato de que hoje em dia assumimos mais compromissos do que deveríamos ou seria aconselhável, e não desistir. Não consegui deixar as refeições da semana toda planejada, com as compras feitas e tudo o mais. Paciência. Não tive tempo de elaborar aquela aula mirabolante, da qual os alunos não vão se esquecer jamais. Fazer o quê? Vou fazer o melhor que puder e procurar me empenhar ao máximo para que possa passar o conteúdo da melhor forma e sanar as dúvidas deles.

O mais difícil é com a família. Não sentir uma tonelada de culpa quando não tenho tempo, ou às vezes disposição, suficiente para acompanhar todos os passos e acontecimentos dos meus filhos. Quando não consigo ser a mulher maravilhosa que eu gostaria para o meu marido. Nessas situações é um pouco mais complicado falar "paciência". Minha sorte é ter uma família espetacular, que consegue me compreender e me apoiar sempre que eles podem. Porque eles também têm as suas limitações e os seus dias. E aprender a lida com essas diferenças de "agendas biológicas" também é bom. Nos ensina a virtude da compreensão.

Abençoadas sejam as inconstâncias da vida!

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